sexta-feira, 25 de maio de 2012

Momento Rodrigo Shampoo


Cidade das Flores
 
Vou contar a história de um lugar!
Onde todos os habitantes
Tinham motivo para se orgulhar!
Em seus campos lindas flores.
Era um parque de amores,
Onde as pessoas só sorriam
E as crianças se divertiam.
Imponentes florestas o cercavam,
Suas faunas e floras ricas brilhavam.
Era um lugar belo
Com mais de cem castelos.
Todos lá se conheciam.
Cristalinos riachos nele nasciam,
Os ventos apenas arejavam
Enquanto ao seu ritmo
As folhas dançavam.
Os pássaros coloridos gorjeavam
E seus tenros habitantes
Sorriam a cada instante.
As montanhas encantavam
Àqueles que a olhavam.
Mas chegou certo dia
Junto com uma nuvem fria
Um nobre forasteiro
Em seu cavalo prata,
Que corria pela mata.
Logo ele criou asas
E as pessoas se inquietaram,
Ali na praça elas pararam.
Era um misto de pavor e admiração.
Ficaram paralisadas com o coração na mão.
Logo o visitante se apresentou:
"Sou um mágico trovador!"
Desceu de seu cavalo pulcro
E disse palavras calmas
Que purificavam a alma.
Ele só queria lucro.
Das suas mãos nascia a magia
Transformou uma rocha cinza em uma Bouvardia,
Os olhos das pessoas transbordavam alegria.
Com cinestesia,
O mágico prosseguia seduzindo,
Provocando um misto de entorpecimento e euforia.
Se sentindo o dono de todos
O mágico continuava agindo.
Logo ele fez um pedido:
"Preciso de suas flores meus amigos!"
Todos da praça corriam,
Para o visitante eles traziam
Quantas flores em suas mãos cabiam.
As flores foram arrancadas dos canteiros
E quando acabaram as flores do campo inteiro
O mágico lhes pediu dinheiro.
Os habitantes cativados
Entregou-lhe suas riquezas
Totalmente maravilhados.
Uma orquídea foi erguida
E a cidade agradecida
Pela suntuosa exibição.
Mas o mago insatisfeito
Achou-se no direito
De mandar na multidão.
Exigiu o maior dos castelos
Construído em pedras preciosas,
Pintado com as cores: verde e amarelo,
Com duas torres esplendorosas.
O mágico voltou-se para as mulheres
E escolhera a mais formosa
Para lavar os seus talheres.
O lugar que era o paraíso
Ficou feio e destruído.
Toda aquela qualidade
Se tornou iniquidade.
As pessoas amarguradas
Estavam todas condenadas.
Agora eram todos detentos,
Homens fedidos e lazarentos
Sem voz para gritar,
Não sobraram flores para contar.
Toda aquela rica beleza
Virou história demudada em tristeza.
A água límpida e cristalina
Era um poço de esgoto, carne podre e naftalina.
Os habitantes se revoltaram
E o mágico eles expulsaram,
Junto dele a inocente mulher
Que não teve culpa alguma,
Mas foi tratada como uma vadia qualquer.
O lugar belo renasceu,
O campo seco e cinza floresceu,
Assim como uma página de livro
O tempo passou,
E certo dia,
Aquele mágico voltou.
As pessoas ignorantes se esqueceram do acontecido.
E com os mesmos artifícios
Os habitantes ele conquistou
E, novamente... 
Aquele campo florido acabou.


Rodrigo Shampoo

quinta-feira, 3 de maio de 2012