Crônicas sobre o meu tempo
Muitas vezes
pedimos para que o tempo passe mais rápido, outras vezes caímos em
contradição e gostaríamos de ter o poder de pará-lo. Seria
fácil! É só quebrar o relógio! Mas o tempo lá fora não pararia, e
você perderia tempo, este bem precioso que não queremos abrir mão, nem
que seja para não fazer nada e reclamar depois que não tem
tempo pra nada.
"Tic-Tac dia e noite, noite e dia", neste ritmo
frenético minha mãe dizia o que eu tinha que fazer nas primeiras
horas do dia: Hora de acordar, hora ir pra escola... Já na escola quem
ditava o ritmo era o sinal que estava sempre 5 minutos
atrasado do relógio de parede da sala de aula. Mas a hora era sempre
mais devagar quando estava perto da hora do recreio, mas depois do
recreio passava rápido e logo era hora de ir embora.
Ah,
meu relógio de parede! Marcava sempre 13 horas quando o almoço estava na
mesa, o meu
relógio nunca errava. Mas logo depois ele dava uma de dedo duro e
avisava para a minha mãe que era hora do banho, e depois do banho o
dever de casa. Sentia raiva do meu relógio redondo pendurado
na parede da cozinha, preto e branco com grandes números de um a
doze e três ponteiros que não paravam de rodar, às vezes faziam um
tic-tac insuportável. Mas o meu relógio se redimia quando
falava para minha mãe que eu já podia brincar, e brincando eu
esquecia do tempo, até ser chamado para tomar banho e jantar. Como eu
odiava o tempo que parecia andar mais rápido enquanto eu
brincava do que enquanto eu estudava.
Que relação de
amor e ódio é essa que eu tenho pelo tempo? Será que todos têm? Por que
eu tinha que ir dormir sem sono? Esse tal tempo é
poderoso, ele não para nunca e ainda põe todos ao seu dispor. Menos
eu, que enquanto estava sem sono eu olhava para a janela e o via passar
na maior tranquilidade, pensando no novo dia que o sol
traria na manhã seguinte.
Hoje eu sou
escravo do meu tempo, sempre olho para as paredes à procura de um
relógio. Mas ainda guardo o velho hábito da infância de olhar
para janela sem sono antes de dormir, então eu olho para o meu velho
relógio de parede e penso “estou livre de você, pelo menos até
acordar”.
Neste momento eu estou olhado a hora no meu relógio. Já
estou atrasado, mas nem sei para quê!
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